Prime Video renova 'Tremembé' para segunda temporada com Robinho e Thiago Brennand; gravações em 2026

alt dez, 11 2025

Prime Video confirmou, na sexta-feira, 21 de novembro de 2025, a renovação da série brasileira Tremembé para uma segunda temporada — e com um elenco que promete gerar controvérsia ainda maior. O anúncio foi feito por meio de um vídeo em que Marina Ruy Barbosa, que interpreta Suzane von Richthofen, reage a uma ligação telefônica anunciando a renovação. Mas o verdadeiro choque veio com a revelação: Róbson de Souza, mais conhecido como Robinho, e o empresário Thiago Brennand serão incorporados como novos personagens na próxima temporada. Ambos são figuras marcadas por condenações por violência sexual e agressão, e serão retratados como símbolos do contraste entre poder, privilégio e impunidade dentro do sistema prisional.

Robinho e Brennand: os novos presos da série

Robinho, condenado a nove anos de prisão no Brasil por participação em estupro coletivo em 2010, foi transferido em novembro de 2025 da Penitenciária de Tremembé para uma unidade em Limeira, SP, após a confirmação da sentença final da justiça italiana. Na série, ele será retratado apenas de costas, com o rosto oculto — um recurso narrativo que, segundo a produção, busca manter o foco no impacto simbólico de sua figura, não na identidade física do ator. Já Thiago Brennand, cuja imagem se espalhou por redes sociais em 2022 após a divulgação de um vídeo em que ele agride uma mulher dentro de uma academia, será apresentado como um novo tipo de criminoso: o poderoso que acredita estar acima da lei por sua posição social.

A produção não revelou os atores que interpretarão esses personagens, mas afirmou que as cenas serão filmadas com rigor documental. "Eles não são apenas criminosos. São símbolos de um sistema que permite que certos corpos sejam tratados como acima da lei, mesmo dentro da prisão", disse a diretora geral Vera Egito em entrevista exclusiva à BNews.

Uma série que virou fenômeno — e alvo de processos

Desde sua estreia em 31 de outubro de 2025, Tremembé ocupa o primeiro lugar absoluto na lista dos 10 programas mais assistidos da Prime Video no Brasil. O sucesso foi tão explosivo que a série se tornou alvo de uma ação judicial movida por Sandrão — personagem real retratado na primeira temporada, cujo nome completo não foi divulgado. Ele busca indenização de R$ 12 milhões por danos morais e violação de imagem, alegando que a série o retrata de forma distorcida e prejudicial à sua reintegração social.

A produção, no entanto, reforça que nenhum dos réus cujas histórias inspiram a série foi consultado, autorizou ou recebeu qualquer tipo de pagamento. "Nós não estamos fazendo um reality show de criminosos. Estamos contando histórias reais para entender por que a sociedade ainda se encanta com o mal quando ele vem com dinheiro, fama ou poder", afirmou Julia Prioli, chefe de originais da Amazon MGM Studios no Brasil.

Da prisão à liberdade: o novo rumo de Suzane e Elize

Da prisão à liberdade: o novo rumo de Suzane e Elize

A segunda temporada dará continuidade ao arcabouço da primeira, que abordou os casos reais de Suzane von Richthofen, os irmãos Cravinhos, Elize Matsunaga, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, e Roger Abdelmassih — todos retratados com precisão documental e sem sensacionalismo. Mas agora, os personagens principais enfrentarão um novo desafio: a vida fora das grades.

Marina Ruy Barbosa voltará como Suzane, agora em regime aberto, tentando reconstruir uma identidade em uma sociedade que ainda a vê como monstro. Já Carol Garcia, que interpreta Elize Matsunaga, terá uma trajetória ainda mais complexa: após cumprir parte da pena, ela tenta retomar sua carreira como jornalista — um detalhe que reflete a realidade de Elize, que, na vida real, publicou um livro após a prisão.

Essa mudança de foco — da prisão para a reintegração — é o que diferencia a segunda temporada. "Não queremos apenas mostrar o crime. Queremos mostrar o que acontece depois. Porque é aí que a sociedade se revela de verdade", explicou a roteirista Juliana Rosenthal.

Gravações em abril de 2026 e um universo verdadeiramente brasileiro

As filmagens estão programadas para começarem em abril de 2026, com a equipe técnica já em fase de pré-produção. O cenário principal continuará sendo a Penitenciária de Tremembé, localizada no interior de São Paulo — conhecida como "a prisão dos famosos" por abrigar, ao longo dos anos, alguns dos criminosos mais notórios do país. A produção conta com direção episódica de Daniel Lieff e roteiro coescrito por Ulisses Campbell, cujos livros Elize Matsunaga: A mulher que esquartejou o marido e Suzane: assassina e manipuladora serviram como base.

Analistas do setor de streaming acreditam que a segunda temporada pode estrear entre novembro e dezembro de 2026, aproveitando o ciclo de lançamentos de fim de ano. "É o tipo de série que se torna cultura pop. As pessoas não só assistem, mas discutem, criam memes, fazem vídeos de análise. É um fenômeno que vai além do entretenimento", diz o pesquisador de mídia Carlos Henrique Lopes, da Universidade de São Paulo.

Um novo capítulo na verdadeira crime brasileira

Um novo capítulo na verdadeira crime brasileira

Tremembé não é apenas uma série. É um espelho da nossa sociedade — e da forma como nos alimentamos de tragédias quando elas vêm com nomes famosos. A decisão de incluir Robinho e Thiago Brennand não é aleatória. É uma escolha política: mostrar que o crime não tem classe, mas o tratamento dele tem. E que, mesmo atrás das grades, alguns continuam a viver como se fossem imunes.

A Prime Video, com essa nova temporada, solidifica seu posicionamento como a plataforma líder em conteúdo de true crime no Brasil — e talvez, um dia, no mundo hispânico. O que antes era apenas um podcast ou um documentário de TV agora se transforma em uma narrativa cinematográfica que desafia o espectador: quem é o verdadeiro monstro? O criminoso? Ou a sociedade que o criou e depois o consome?

Frequently Asked Questions

Por que a produção não usou os reais Robinho e Thiago Brennand como atores?

A produção evitou usar os próprios réus para evitar riscos legais, éticos e de segurança. Além disso, o objetivo era retratar os personagens como símbolos, não como biografias. O uso de atores permite maior liberdade criativa e protege a integridade da narrativa, sem expor os envolvidos a novas exposições públicas.

A série está sendo acusada de sensacionalismo? Como a produção responde?

A equipe afirma que não há sensacionalismo: todos os casos são baseados em documentos judiciais e livros de reportagem, com roteiros revisados por juristas. As cenas de violência são sugeridas, não exibidas. O foco está na psicologia dos personagens e nas falhas do sistema, não no choque visual. A intenção é provocar reflexão, não entretenimento fácil.

O que mudou na segunda temporada em relação à primeira?

Enquanto a primeira temporada focou na construção do crime e na prisão, a segunda explora a vida após a pena — regime aberto, reintegração social e o preconceito institucional. Suzane e Elize agora enfrentam a sociedade, e não apenas as paredes da prisão. A introdução de Robinho e Brennand também adiciona uma camada de crítica sobre privilégio e justiça seletiva.

Por que a série é tão popular no Brasil?

Ela combina verdade com dramatização, sem cair no sensacionalismo barato. Os casos são reais, os nomes são familiares, e os personagens são humanizados — não vilões. Além disso, a produção tem qualidade técnica comparável a séries internacionais, algo raro no mercado brasileiro. O público se identifica com a complexidade moral, não apenas com o drama.

A série pode ser considerada um documentário?

Não. É uma dramatização baseada em fatos reais, como "The Crown" ou "The Queen’s Gambit". A produção usa fontes judiciais e jornalísticas, mas recria diálogos, cenas e contextos para efeitos narrativos. É ficção inspirada na realidade — e isso é diferente de um documentário, que exige consentimento e registro direto.

Há risco de a série ser retirada do ar por processos judiciais?

A possibilidade existe, especialmente com a ação de Sandrão. Mas a produção tem uma base sólida: todos os fatos são de domínio público, registrados em sentenças e livros. O direito à liberdade de expressão protege obras de ficção baseadas em fatos reais, desde que não haja calúnia ou difamação direta. A equipe está preparada para defender a série judicialmente.

1 Comment

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    Ulisses Carvalho

    dezembro 12, 2025 AT 10:02

    Essa série tá virando um espelho da nossa sociedade mesmo. A gente consome essas histórias como se fosse reality show, mas esquece que por trás tem pessoas reais, famílias destruídas, vítimas que nunca tiveram voz.
    Robinho e Brennand sendo retratados como símbolos? Tá certo. Mas e se a gente parar pra pensar que o verdadeiro monstro é o sistema que permite isso tudo?
    Não é o criminoso que tá errado. É o jeito que a gente olha pra ele.
    Essa temporada vai ser pesada. Mas precisa ser.

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