Tremembé estreia na Prime Video e supera Netflix com série baseada em presídio dos famosos

alt nov, 5 2025

A estreia de Tremembé na Amazon Prime Video na sexta-feira, 31 de outubro de 2025, não foi apenas um lançamento de série — foi um sinal de mudança no jogo do entretenimento brasileiro. A produção, que leva ao público os bastidores da Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, conhecida como "presídio dos famosos", não está na Netflix. E isso, mais do que uma escolha de plataforma, parece ser uma declaração: a Prime Video está jogando diferente no Brasil.

Um presídio, muitas histórias

A série é baseada nos livros "Elize Matsunaga: A mulher que esquartejou o marido" e "Suzane: assassina e manipuladora", escritos pelo jornalista Ulisses Campbell. Mas não é um documentário. É um docudrama que mistura fatos reais com dramatizações intensas, criando uma atmosfera quase cinematográfica. Os nomes que povoam os corredores da prisão são os mesmos que já ocuparam capas de jornais e manchetes de TV: Suzane von Richtofen, interpretada por Marina Ruy Barbosa, Cristian Cravinhos, Elize Matsunaga e Roger Abdelmassih. Cada um deles aparece não como ícone do mal, mas como ser humano — complexo, manipulador, às vezes frágil.

Os cinco episódios, todos liberados de uma vez, têm cerca de 45 minutos cada. Nada de dividir em duas partes, como a Netflix costuma fazer. A estratégia é clara: faça o espectador mergulhar. E mergulhou. Logo após a estreia, a hashtag #Tremembé trending no Twitter (agora X) e no Instagram. As redes sociais viraram fórum de discussão sobre justiça, privilégio e redenção.

Marina Ruy Barbosa e o peso de interpretar Suzane

Marina Ruy Barbosa, conhecida por papéis de heroínas em novelas, encarou um desafio radical. Ela não apenas imita Suzane — ela a respira. O olhar vazio, a voz calma, os gestos calculados. Não é atuação. É exorcismo. Em entrevista ao AdoroCinema, ela disse: "Não quis transformá-la em monstro. Quis mostrar como alguém pode se convencer de que é vítima, mesmo quando é algo muito pior." A performance já é apontada por críticos como a mais ousada da carreira da atriz.

O elenco secundário também se destaca. Silmara Deon, como a mãe de Suzane, traz uma dor contida que dói só de olhar. Paulo Vilhena, no papel de um preso veterano que vê tudo, é o coro grego da série. E Carol Garcia, como uma detenta que se torna aliada e inimiga ao mesmo tempo, dá um tom quase poético à violência.

Por que a Prime Video venceu a Netflix no Brasil

O artigo do Natelinha, publicado no dia seguinte à estreia, foi um choque: "Tremembé prova que Netflix tem muito que aprender com o Prime Video no Brasil." E não foi exagero. Enquanto a Netflix ainda tenta adaptar produções nacionais com orçamentos apertados e roteiros genéricos, a Prime Video investiu em direção ousada, roteiro fiel aos fatos e direção de arte que reproduz com precisão os corredores úmidos, as celas superlotadas e o cheiro de desespero da prisão.

A comparação com "Dom", outra série original da Prime Video, não é casual. Ambas têm algo em comum: não tentam agradar todos. Elas assumem um tom sombrio, complexo, quase incômodo. E isso, no Brasil, é raro. Enquanto outras plataformas buscam "conteúdo leve" para o público, a Prime Video apostou no que realmente mexe com a alma: histórias reais que ninguém quer esquecer — mas que ninguém quer olhar de frente.

O fim que não termina

O último episódio, intitulado "Justiça Seja Feita", sai dos muros da prisão. Por lei, detentos de alta segurança têm direito a sete dias de saída. E aí, o que acontece? Suzane sai. Em silêncio. Com um olhar que não revela nada. Um carro a espera. Uma porta que se abre. Um som de motor ligado. E então… corte. Nada. Nenhum título. Nenhum aviso de temporada 2. Apenas o silêncio.

A ambiguidade é intencional. A série não quer dar respostas. Quer deixar a pergunta no ar: será que ela realmente se arrependeu? Ou só aprendeu a fingir melhor? A produção não confirmou se haverá uma segunda temporada. Mas os fãs já estão criando teorias. Alguns dizem que o carro é da família. Outros, que é um agente secreto. Um detalhe que ninguém notou: no fundo da cena, no reflexo do vidro, há uma sombra que parece ser de alguém segurando uma câmera. Será que isso é um easter egg para uma nova temporada? Ou apenas um erro de edição?

Quanto custa entrar nesse mundo?

A Amazon Prime Video custa R$ 14,90 por mês no Brasil — com 30 dias de teste gratuito. Mas o valor vai muito além do preço. É o custo de assistir a uma série que não te faz apenas entreter. Te faz pensar. Te faz questionar o sistema penal. Te faz lembrar que por trás de cada manchete, há pessoas. E que, às vezes, a verdade é pior do que a ficção.

Frequently Asked Questions

Por que Tremembé não está na Netflix?

A Amazon Prime Video adquiriu os direitos exclusivos de produção e distribuição da série, que foi desenvolvida como uma Amazon Original. A Netflix não participou da produção nem obteve licença de exibição, mesmo sendo a maior plataforma de streaming no Brasil. Isso reflete uma estratégia da Amazon de investir pesado em conteúdos nacionais com forte apelo social e dramático.

Quais são os crimes reais retratados na série?

A série aborda crimes reais como o assassinato dos pais de Suzane von Richtofen em 2002, o esquartejamento de Marcelo Costa de Andrade por Elize Matsunaga em 2019, o caso Cravinhos — envolvendo o sequestro e morte de Daniel Ciarlini — e os crimes sexuais de Roger Abdelmassih, que atingiu centenas de vítimas ao longo de décadas. Cada caso é retratado com base em depoimentos, processos judiciais e livros de Ulisses Campbell.

A Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado realmente existe?

Sim. Localizada em Tremembé, próximo a Taubaté, no interior de São Paulo, a unidade é conhecida como "presídio dos famosos" por abrigar criminosos de alta notoriedade. Apesar de ter estrutura precária, é uma das poucas penitenciárias brasileiras com regime fechado para detentos de crimes de grande repercussão. A série usou filmagens em locações reais e reconstruções fiéis para reproduzir os ambientes.

Tremembé tem chances de uma segunda temporada?

A Amazon ainda não confirmou nenhuma continuação. Mas a alta audiência e o engajamento nas redes sociais — mais de 2 milhões de visualizações no trailer em 72 horas — tornam provável uma renovação. A ambiguidade do final, especialmente com o misterioso carro e a sombra na cena final, sugere que há mais histórias para contar — talvez sobre os próximos presos que chegam à unidade ou sobre os familiares das vítimas.

Como a série se compara a "Onde Está Meu Coração?" da Netflix?

Enquanto "Onde Está Meu Coração?" foca em um único caso de desaparecimento com tom mais emocional e romântico, Tremembé é uma crônica coletiva, fria e crua, com múltiplas vozes e sem juízos morais. A primeira é uma investigação. A segunda, um retrato social. Tremembé não pede pena — pede compreensão. E por isso, para muitos críticos, é mais impactante.

A série é fiel à realidade?

A maioria dos eventos é baseada em fatos reais, processos judiciais e livros de Ulisses Campbell. Porém, diálogos, cenas de interação entre detentos e alguns detalhes emocionais são dramatizados para efeito narrativo. A produção afirma que nenhum fato central foi inventado — apenas a forma como eles são contados. Isso a torna um docudrama, não um documentário.

14 Comentários

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    Sandra Blanco

    novembro 7, 2025 AT 09:32

    Isso tudo é só para entreter o público com sofrimento real. Essas pessoas cometeram crimes horríveis e agora viram entretenimento. Não é justo.

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    Willian Paixão

    novembro 8, 2025 AT 01:21

    Eu assisti tudo em um dia. A série não é só sobre os criminosos, é sobre o sistema que falhou em todos os níveis. A Marina Ruy Barbosa me deixou sem fala. Ela não está fingindo, ela está vivendo isso. Isso muda a forma como a gente vê justiça.

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    Bruna Oliveira

    novembro 9, 2025 AT 08:38
    Tremembé é um marco na estética do docudrama brasileiro - uma desconstrução performática da violência como espectáculo, onde a câmera se torna testemunha silenciosa da desumanização institucional. A narrativa não busca redenção, ela exige confronto. E isso é revolucionário.
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    Rayane Martins

    novembro 9, 2025 AT 14:55

    Se você tá achando isso só entretenimento, tá perdendo o ponto. Essa série mostra que por trás de cada manchete tem uma pessoa que foi abandonada pelo sistema. E isso importa.

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    gustavo oliveira

    novembro 10, 2025 AT 21:29

    Isso aqui é o que o Brasil precisa: conteúdo que não foge da realidade. A Netflix fica fazendo romancezinho e novela de luxo. A Prime Video veio com tudo, com sangue, suor e verdade. Parabéns, equipe.

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    Caio Nascimento

    novembro 11, 2025 AT 19:03

    Eu acho que... é importante... reconhecer que, embora a série seja impactante... ela também pode, inadvertidamente, romantizar certos criminosos... por meio de uma direção que os retrata como... vítimas... em vez de... responsáveis.

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    Rafael Pereira

    novembro 12, 2025 AT 11:51

    Se você não assistiu ainda, vai. Não é só sobre os crimes. É sobre como a sociedade reage. É sobre quem tem acesso à justiça e quem não tem. E isso aqui é um espelho. Não é fácil de olhar, mas é necessário.

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    Naira Guerra

    novembro 13, 2025 AT 17:30

    É só mais uma forma de explorar o sofrimento alheio para ganhar views. Isso não é arte. É voyeurismo disfarçado de jornalismo.

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    Francini Rodríguez Hernández

    novembro 14, 2025 AT 23:11

    MEU DEUS QUE SÉRIE!! MARINA RUY BARBOSA ME FEZ CHORAR NAO TAVA ESPERANDO NADA DISSO!! E O CARRO NO FINAL?? TÁ TUDO LIGADO!!

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    Manuel Silva

    novembro 16, 2025 AT 03:40

    o final foi perfeito, mas acho que a sombra no vidro foi erro de edicao, nao tem como ser easter egg, a producao e muito cuidadosa pra errar isso. mas a ambiguidade ta certa, nao precisa explicar tudo.

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    Flávia Martins

    novembro 16, 2025 AT 08:11
    a prisão é real e o cheiro de desespero é descrito tão bem que dá vontade de parar de assistir mas não consigo parar
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    José Vitor Juninho

    novembro 16, 2025 AT 19:33

    Eu acho que... a série não tenta justificar os crimes... mas tenta nos fazer entender... como pessoas chegam a esse ponto... e isso... é diferente de aprovar... e talvez... por isso... seja tão poderosa.

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    Maria Luiza Luiza

    novembro 18, 2025 AT 00:04

    Claro que a Prime Video venceu. A Netflix só faz série de adolescente chorando por amor. Enquanto isso, a Amazon pega um presídio real e vira um filme de terror psicológico com atuação de Oscar. Quem é o vencedor mesmo?

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    Sayure D. Santos

    novembro 19, 2025 AT 02:53
    A série transcende o gênero de crime. É um estudo antropológico da hierarquia, do poder e da performance da culpa. A ausência de música no final não é acaso - é silêncio como juízo.

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